Relato sobre um grupo de trabalho do Congresso Internacional de Educação Terapêutica (Pedagogia Curativa ) e Terapia Social em Dornach, Dia 4 a 8 de outubro de 2010, Heiner Priess
05/10/2010
Observação como base para a ampliação da consciência
Existem 2 caminhos: para fora e para dentro!
Para fora:
1º passo- Observação(forma/aparência)
Devemos observar o atendido enquanto ele não está presente, ou seja, criar uma imagem da pessoa com todos os detalhes. Tudo que não conseguímos lembrar, saltará a nossa vista no próximo encontro.
[foi feito um exercício de observação: observar um retrato durante 2 minutos, fechar os olhos, reconstruir o retrato internamente e depois olhar de novo]
Observar é um ato antipático, me distancio. Quanto estou junto com o atndido é melhor estar no mesmo patamar, estar junto com ele, junto mesmo!
2º passo- Julgamento(comportamento)
O julgamento tem a ver com a antipatia ou a simpatia que sentimos. Não precisamos negar o julgamento, mas temos que ter consciência que estamos julgando: Investigar os julgamentos, mantê-los flexíveis, não deixar endurecer. Quando a vida anímica fica endurecida, tornamo-nos depressivos.
Temos que ter consciência, que os julgamentos são injustos, pois na maioria das vezes estamos falando de nós mesmos, sobre aquilo que sentimos:
" O atendido sempre quebra tudo, isto tortura os outros!"
Para manter estes julgamentos flexíveis e não cair na injustiça, podemos nos perguntar: Onde e quando teve momentos em quais isto era diferente?
3º passo- o encontro ( empatia)
O que esta pessoa queria dizer ( iria querer dizer) ?:
"Parece que ela quer dizer....."
Pode ser uma exclamação ou uma pergunta:
Que pergunta tem esta pessoa?
[foi feito um exercício de observação:observar novamente o retrato para descobrir o que a pessoa poderia dizer]
Recapitulando:
1º Observação
2º Julgamento
3º Encontro
O importante é que, observo com a intenção de encontrar o outro, o novo, o desconhecido, e não para me auto-afirmar
> Postura de admiração, de não saber, de devoção
Para dentro:
[ foi feito um exercício de observação, tarefa: resolva seguinte problema, na cabeça, com mais itens possíveis depois da virgula: 8:7.Observa todos os passos que tem que fazer para conseguir isto.]
> Passos:
- fechar os olhos ( a maioria das pessoas)
- entrar em estado de calma interior
- abrir um espaço e excluir tudo que atrapalha
- imaginar os números
- criar uma imagem, cor contraste,etc...imaginamos os números não o
fundo, o fundo é espiritual
- o número não só tem uma forma, mas tem também um valor, para poder
fazer a conta eu preciso o valor.
> Problema:
- lembrar os números, preciso deixar tudo, totalmente embora para poder
criar novas representações, não posso segurar e criar simultaneamente,
segurar o resultado e continuar fazer a conta. Preciso esquecer o
resultado, fazer mais um pedaço da conta e relembrar o resultado
novamente...
Normalmente não temos consciência sobre este processo, portanto aplicamos um método que, revela o oculto, acorda o adormecido, que faz visível o que a gente não vê.
[foi dado um exercício como lição de casa: Primeiro de imaginar que sou uma criança bem pequena. Me perdi em um grande mercado, perdi os meus pais, estou no meu de uma multidão, sozinha. Segundo de imaginar que tenho um Bebê que não para de chorar, está chorando já faz 4 horas]
06/10/2010
Tarefa de casa:
1º Estar perdido- Tudo se perde, sensação de morrer afogado em um grande mar.
> O eu está sendo olhado para dentro do corpo. O eu se interessa pelo corpo
porque os outros olham para ele.
> medo da morte, perda da existência
2º O Bebê que chora- chorar é uma expressão da vontade, eu estou aqui, eu choro/grito e nada além existe. É igual a vivência do parto, do nascimento. A vontade gigantesca e com isto o desamparo, o desespero dos pais cresce. Os pais estão sendo ameaçadas pela vontade gigantesca e também começam gritar e podem até explodir. No momento que alguém me ameaça, me fere, me provoca, eu me mostro imediatamente. Um método rápido, mas pouco adequado, de conhecer alguém, é de dar uma bofetada no rosto da pessoa. Isto pode representar uma tentativa de estabelecer um contato de forma muito desajeitada.
> Medo e violência é um patamar de vivência onde algo realmente acontece,
ali eu sou, ali eu me sinto. Exemplo: Hooligans- Policiais
> Destruição também tem um lado bom: conseguimos uma vista mais livre!
>Como o gigante: vontade, consegue entrar no anão: corpo, para baixo do
diafragma? O mundo se divide em exterior e interior e uma parte mergulha na
inconsciência.
O atendido me leva ao meu limar, aos meus limites!
Que bom, pois eu queria conhecer os meus limites! >>> Auto- conhecimento!
Preciso para isto também querer conhecer o outro, me interessar pelo outro, ter abertura para ele.
> Em quais situações vem quais expressões?
> Em uma vida anímica não desenvolvida encontramos nós, apesar da idade avançada, no 1º setênio. Portanto, a consistência vem de fora, é a periferia que carrega!
[Exercício de observação para fora: Observar um quadro e imaginar de forma mais viva e detalhada possível, se baseando na observação:
1) Onde a pessoa da imagem se encontra concretamente, o que está acontecendo?
2) O que aconteceu antes?
3) O que ela irá fazer no próximo momento?]
[Exercício de observação para dentro: Imaginar um grande cubo d vidro, entrar neste cubo e fixar um gancho no centro de cada lado do cubo. Amarrar um barbante em cada gancho, interligando todos os ganchos, ou seja, de cada gancho irão sair 5 fios.Agora sair do cubo e olhar a construção do lado de fora. Que forma se apresenta?]
Octaedro= 8 lados triangulares do mesmo tamanho
07/10/2010
Limites para dentro e para fora: Os limiares da consciência
A vida anímica, dos sentimentos, representa um limiar entre a consciência (vigília) e a inconsciência ( estado de "sono"); o limiar para o mundo espiritual.
" A pedagogia Waldorf não dá respostas para que a gente goste ou não goste de uma criança e como enquadrar isto. Ela é a arte de desvendar o que existe no ser!" Rudolf Steiner
" No caso de problemas no desenvolvimento ou de deficiência, encontro uma pessoa que tem a coragem de se confrontar individualmente com dificuldades que me assustam, que me causam medo!" Heiner Priess
Existe um abismo, um limiar que nós não conseguimos atravessar, porque nos falta a coragem.
> Eu te procuro, mas você é invisível, apesar disto eu consigo te vivenciar. Eu te olho de dentro, através da pupila, ela é um buraco, um espaço interno.
Podemos procurar o ser através do olhar! Isto tem a qualidade dos Arcanjos!
Como é o olhar d uma pessoa?
O que está 'por de trás' de uma pessoa, como também aquilo que está 'por de trás' das estrelas, é invisível!
Imagem: O céu estrelado como uma peneira invertida/ inversa!
Temos dois limiares, um é a periferia sensorial e o outro é o diafragma, um para fora e um para dentro.
De fora atuam forças do mundo, nestas vive o eu adormecido, criando uma relação mágica com as forças do mundo. A partir dessas forças recebemos estímulos sensoriais que nos acordam, estas precisamos acalmar (cessar) para poder transformá-los em percepções e representações mentais. Se não consigo acalmar os estímulos, não chego a ter percepções. Está faltando o meio ( sistema rítmica)!
> O que nós aprendemos, precisamos esquecer para poder estar livres na atuação, e poder acordá-lo, recordá-lo no momento certo.
> Quando as forças invadem a consciência, geram o medo!
De dentro atuam as forças individuais que também são inconscientes. Eles vivem de baixo do diafragma. O diafragma é uma pele prateada, funciona como um espelho, criando um limiar. Quando estas forças individuais invadem a consciência, geram violência.
O que vem de fora, vai impregnando o contesto orgânico em baixo do diafragma, criando um cunho, um carimbo orgânico. A partir da metade da vida, quando os orgãos começam se diluir, se desfazer, podem aparecer coisas que se impregnaram na infância. Mas a vida toda stas impregnações, carimbos orgânicos atuam a partir da inconsciência e se expressam como projeções. Por isso um grupo de pessoas, uma equipe, sempre precisa realizar um trabalho de conscientização ou/e d supervisão.
Todas as projeções que não conseguem ser digeridas, trabalhadas pela própria pessoa ou amparadas pelo grupo, aquilo que não aguento, do que não dou conta, podem nos enlouquecer, piramos. Ou então tentamos nos anestesiar, com álcool, drogas, compras, entretenimento...
Algo está ruindo dentro de mim, que não consigo amparar, não consigo trabalhar.>Falta o meio (sistema rítmica)!
Para trabalhar a mim mesmo, preciso fazer os três passos além do limiar interno:
Autoconhecimento
Autoeducação
Autodeterminação
> A única coisa que é interessante para o nosso atendido é, o que nós fizermos de nós mesmos a partir do esforço próprio.
Portanto precisamos aprender com os erros, amadurecer pela dor e crescer pelos dificuldades e impedimentos.
Para poder ajudar o atendido precisamos observá-lo, é ele que vai nos dizer o que ele precisa. Fazemos uma conferência terapêutica. Onde isto é difícil ou tem poucas pessoas, podemos experimentar um método diferente, que pode ser feito por 3 pessoas e em 20 minutos.
A 1ª pessoa descreve o atendido para a segunda pessoa, o mais vivo possível,até que a segunda pessoa consegue criar uma imagem do atendido.
A 2ª pessoa dá um retorno d como ficou a imagem e pode fazer perguntas para confirmar a imagem criada ou para corrigir se for necessário.
A 3ª pessoa só observa o processo calado, mas com o máximo de atenção.
Na semana seguinte muda-se os papeis, mas observando o mesmo atendido, e depois muda-se os papeis mais uma vez. Assim cada um experimenta cada posição uma vez. Isto possibilita de aprender pelo fazer e recebe-se uma imagem em comum do atendido.
Depois Heiner Priess trouxe ainda o processo da percepção do outro Eu
(sentido do eu alheio), que Rudolf Steiner descreve na Antropologia Geral
(Arte da Educação I).
> O que eu tenho em mim, que posso dar de presente, o que tenho em abundância?
>O artístico acontece na própria vida anímica.